NÃO SEJA UMA MARIA VAI COM AS OUTRAS

Carolina chegou ao consultório com uma expressão visivelmente cansada, como se carregasse um peso que não era seu. Ela descrevia uma sensação constante de estar “sendo levada” pelas opiniões e expectativas de outras pessoas. A famosa expressão “ Maria vai com as outras”.

“Parece que nunca decido nada por mim mesma”, confessou em uma das nossas sessões. Seja nas roupas que escolhia, nos relacionamentos que mantinha ou nas decisões profissionais que tomava, Carolina sentia que estava apenas seguindo o fluxo, sem nunca realmente se questionar sobre o que ela queria de verdade.

Durante nosso processo terapêutico, Carolina percebeu algo importante: ela raramente parava para refletir sobre suas escolhas, seus valores e o porquê de agir daquela forma.

Pensar é mais do que simplesmente reagir às circunstâncias; é um hábito essencial para compreendermos melhor o mundo e, principalmente, a nós mesmos.

Esse processo, conhecido como raciocínio ou reflexão, nos ajuda a encontrar verdades que sustentam uma vida com mais sentido.

Descobrir respostas por conta própria, mesmo que isso exija dedicação, fortalece nossa autonomia. Receber respostas prontas pode parecer mais fácil, mas gera dependência e incertezas, além de deixar uma sensação persistente de desconexão com quem somos. Como destacou o psiquiatra Ludwig Binswanger, pessoas que não desenvolvem o pensamento autônomo frequentemente levam vidas convencionais e seguem o fluxo apenas para evitar o desconforto de tomar decisões por conta própria.

Para não cair nessa armadilha, é necessário superar a preguiça mental e se permitir refletir com mais profundidade. Esse processo exige paciência, mas desenvolve clareza e confiança, tornando nossas relações mais autênticas.

E você? Já parou para pensar nas decisões que toma todos os dias? Elas refletem de fato seus valores ou são apenas repetições do que esperam de você? O que está por trás das suas escolhas?

Exercício: Diário de Decisões Autênticas

Durante uma semana, anote diariamente pelo menos uma decisão que você tomou. Ao lado dela, responda sinceramente:

• Tomei essa decisão por vontade própria ou por influência de alguém?

• Ela reflete algo importante pra mim? Está de acordo com meus valores?

• Como me senti depois?

No final da semana, leia suas anotações e observe os padrões que se repetem. Esse exercício pode te ajudar a enxergar com mais clareza o quanto suas escolhas estão alinhadas com seus valores.

Se esse exercício despertar incômodos ou dúvidas, tudo bem. Isso pode ser um sinal de que vale a pena buscar apoio. A psicoterapia oferece um espaço seguro para fortalecer sua autonomia e cultivar uma vida com mais direção aos valores que para você são inegáveis. Conte comigo!